domingo, 26 de agosto de 2018

De onde vêm estes grânulos de plástico (pellets) que pairam no mar? O que aprendi sobre estes microplásticos...

Pellets, uma praga que até aos dias de hoje desconhecia a sua existência como poluidores marinhos. Microplásticos primários que são libertados acidentalmente nos oceanos...

É verdade, o blog tem estado muito inactivo nos últimos tempos. Isso, deveu-se a um semestre cheio de trabalho para evitar os exames, pois um estágio me esperava, num instituto de conservação marinha - Archipelagos, Institute of Marine Conservation. Esta ONG situada em algumas ilhas Gregas têm como objectivo proteger a vida marina e terrestre do mar Egeu, actuando em várias frentes.

Além do projecto principal em que trabalhei, tive oportunidade de participar noutros projectos, um deles, a pesquisa/estatística sobre o lixo, nomeadamente macroplástico que se encontra nas praias. 

E foi durante esta actividade que descobri como era comum encontrar granulos de plástico depositados nas praias. Uma grande parte já pode ser considerada de microplásticos por apresentar um diâmetro menor que 5 mm, exibindo assim um risco para a vida marinha.

Então, e o que são? Estas pastilhas são de resina virgem que é utilizada para fabricar peças de plástico. Para terem uma noção do tamanho, estas assemelham-se a lentilhas.

De onde vêm? Normalmente são resultado de fugas acidentais durante o seu transporte até às fábricas de conversão e moldagem do plástico. Ora através do transporte em navios, na lavagem dos seus tanques, ou quando transportados em terra (dado ao seu tamanho reduzido acabam por ir parar aos cursos de água arrastados pela chuva) chegam assim aos oceanos.

Porque são um problema? Como todos os microplásticos presentes no mar, acabam por ser ingeridos pelos peixes, aves e mamíferos marinhos e acabam por ficar alojados no seus tecidos.
Estas partículas também podem ser degradadas, originando partículas ainda mais pequenas, além de que estas acabam por libertar químicos tóxicos persistentes derivados do plástico.




Agora vamos pensar na quantidade de plástico produzido diariamente no mundo, e imaginar que uma pequena percentagem acaba por ir para ao mar de forma acidental... Agora cada vez que for à praia vou fazer uma caça a estes "nurdles" ou "beads"!


Fontes Bibliográficas:
Sobral, P., Frias, J. and Martins, J. (2011) ‘Microplásticos nos oceanos um problema sem fim à vista’, Ecologi@, 3, pp. 12–21.
Mato, Y. et al. (2001) ‘Plastic resin pellets as a transport medium for toxic chemicals in the marine environment’, Environmental Science and Technology, 35(2), pp. 318–324. doi: 10.1021/es0010498.