sábado, 22 de setembro de 2018

Iminente, desta vez desiludiste-me...



O Iminente, um festival único de música e arte urbana que faço questão de marcar presença todos os anos. Para quem me conhece bem, sabe que sou uma apaixonada por música. Ir a concertos, festivais e outros eventos são parte da minha rotina.

Este festival foi pioneiro, no que toca a juntar bons artistas nacionais e internacionais da música e da arte urbana, e todos os anos há algo novo. Pudera, se não fosse um bom festival, os bilhetes não esgotariam em poucas horas.


Infelizmente, este ano só tive a oportunidade de ir um dia, 21 de Setembro. Este dia contou com atuações de Conan Osiris, Bateu Matou, Bonga, Omar Souleyman, Yuzi, Octa Push e muitos outros. 
Este festival também tem um caracter ativista muito presente, principalmente nas obras expostas, com mensagens espalhadas pelo Panorâmico de Monsanto. Este ano, Vhils homenageou Marielle Franco, activista brasileira que foi assassinada em Março passado. Por isso Vhils se juntou à Amnistia Internacional e no iminente está presente uma petição para se fazer justiça à morte desta grande guerreira. 
 
Mas pronto, depois de um festival completo e único em Portugal, chega a parte que menos me agradou, um simples pormenor, os copos reutilizáveis. 



Esta moda pegou nos festivais por todo o país, e o Iminente não foi excepção. Já no ano passado tinha copos reutilizáveis mas com uma grande diferença para este ano, podiam-se retornar os copos. 
Chego este ano com a novidade de que, este ano os copos não eram retornáveis, ou seja, tenho que pagar por um copo e ficar com ele. Dirigi-me a um balcão e perguntei ao barman sobre isto e confirmara-me. Depois questionei se podia trazer um outro copo (do mesmo género) para adquirir bebida, e não me espantei que me tivessem dito que não, iriam servir-me num copo oficial. Se bem que o mais provável era que o copo ficasse à porta, junto com as garrafas reutilizáveis, objetos que não são permitidos no evento (Neste e noutros do género, o que é uma enorme estupidez, ou o que dá mais dinheiro).



Portanto, comprava um copo e depois ficava com ele. É justo, mas se eu não quisesse mais souvenirs? Na mesma situação estavam as pessoas que deitavam o copo para o lixo ou deixavam no chão.


O ano passado existia a opção do retorno, que foi o mais sensato, e fez com que deixasse lá o meu copo, pois não precisava dele. Talvez tiveram alguns pesadelos o ano passado, como queixas nas filas de retorno, no próprio processo de lavagem e secagem (será que o fizeram?), entre outros, mas isso devia ser pensado e melhorado e não, optar pela maneira mais simples, fazer lixo.


Imaginem que 4500 pessoas vão ao festival por dia (li este número algures, mas corrijam-me se estiver enganada), se 85% dessas pessoas vão comprar bebida, são 3825 copos vendidos. Vezes 3 dias, são 11475 copos e se retirar 20% das pessoas vão todos os dias e reutilizam o copo, chegamos a um valor de quase 10 mil copos. Isto é só uma estatística muito por alto mas percebe-se o impacto.  


Fiquei bastante dececionada, podendo isto se chamar-se mais um golpe de greenwashing, cada vez mais comum nos dias de hoje.

Para finalizar, mais um retrato da sociedade em que vivemos. Desta parte o festival não tem culpa. Este era o estado do Food Court à 1:30 da manhã, e pergunto-me se era assim tão dificil para as pessoas colocarem o lixo no sítio próprio? Existiam caixotes do lixo! Erro meu foi não ter procurado se existia contentores para a reciclagem, nomeadamente do plástico...