Esta história junta duas das minhas maiores paixões: a música e o ambiente. Numa ano em que os abraços são escassos e os festivais de música inexistentes, partilho com vocês esta aventura que mudou a minha vida.
Recuemos ao verão de 2015. Um verão que foi marcado por uma viagem que mudou a minha vida, quando embarquei pela primeira vez num projecto Erasmus+. Tudo começou quando passei a participar em actividades e voluntariado de uma associação juvenil da minha terra. Foi num voluntariado na Futurália que aprendi um pouco sobre os projectos de intercâmbio e de training que o programa Erasmus + oferecia para além do típico e mais conhecido intercâmbio nas universidades europeias.
Surgiu um projecto que despertou logo o meu interesse - Exploring Sustainability in Local Community - Na Polónia.
Inscrevi-me e fui selecionada. Na verdade, não sabia o que esperar desta experiência internacional, mas definitivamente iria ser uma aventura. Lá embarquei com mais 2 selecionados portugueses para um Training que juntava participantes de vários pontos da Europa: Grécia, Itália, Croácia, Eslovénia, Macedónia do Norte, Hungria e Polónia. Foi a minha primeira viagem sem a família, e até então, a curiosidade de viajar não estava presente em mim. "Ainda por cima para a Polónia! Aquilo não deve ter lá nada de jeito!": Pensei eu muito equivocada!
Aterramos numa cidade incrível, mal eu sabia a aventura que me esperava. Contudo, o sítio do training não era na capital Polaca, mas sim uma terra a 6 longas horas da capital. A aldeia chamava-se Narol e era uma pequena aldeia mas tínhamos tudo o que precisávamos, nomeadamente uma bomba de gasolina ao pé do hotel. Durante o training foram abordados vários temas relacionados com o ambiente, alterações climática, tudo na base da educação não-formal. Inclusive, foi lá que dei o meu primeiro workshop de "Como reutilizar uma t-shirt em 3 objectos"!
Foi incrível passar aqueles dias numa comunidade internacional que tinha os mesmos interesses e motivações em relação aos assuntos ambientais, senti que não estava sozinha e que cada um tinha e defendia a sua causa.
No inicio do training foi nos avisado que tínhamos que desenvolver uma actividade para um festival. Então o que eu pensei:" Bem, estou numa aldeia remota, que festival nos há de esperar? Talvez o equiparado a uma festa da aldeia!?" O que não era nada mau, iria ser igualmente divertido.
Para preparar o festival fomos divididos em varias equipas, discutimos ideias e pusemos mãos à obra! Um grupo ficou responsável por construir jogos com materiais recicláveis, outro responsável pelos workshops e por fim um grupo de dinamização que criou cartazes. E íamos ajudando uns ao outros a construir esta actividade para os participantes do festival.
Alguém, brilhantemente, teve a ideia de criar um cartazes para oferecer abraços em troca de copos de plástico vazios. Esta realidade do consumo desenfreado de plástico e dos tapetes de copos a cobrirem recintos era uma imagem presente nas nossas cabeças. Por isso, fazia sentido esta ação, para que pudéssemos evitar este cenário e encaminhar o plástico da melhor maneira possível para que não ficassem no chão.
FREE HUG 4 AN EMPTY CUP
Com esta frase criamos cartazes muito giros, jogos desafiantes e material preparado para os workshops de pulseiras com trapilho e cadernos de papel reciclado.
Chegou o dia mais aguardado, o do Festival e do último dia do training. Lá fomos nós num grande autocarro. Chegamos ao festival Cieszanów Rock Festiwal e o combinado era ficar na zona do campismo a fazer estas atividades que foram um sucesso! Jogamos, ensinamos e divertimos muito naquele bocado.
Mas estava na altura de entrar no recinto, e mal entrei fiquei surpreendida. Para quem pensava que ia para um festivalito, ganhou um festival como deve de ser, mas dos bons, com direito a carrosseis, torres de bungee-jumping e um food court bastante variado. Os polacos vestidos a preceito, desde punks a pijama, a uma portuguesa com um cachecol de Portugal, sim, essa saloia era eu, e com muito orgulho!
Agora a parte dos cartazes, será que funcionaram? Funcionaram, mas não conseguimos recolher muitos copos, porquê? Porque não havia tantos copos descartáveis para recolher! A cerveja era servida em garrafa de vidro e o recinto mantinha-se relativamente limpo das memórias que ainda me restam desta experiência incrível! Cheguei a receber alguns abraços, mas ainda bem que tínhamos um festival com menos plástico do que aquilo que estávamos à espera!
E assim terminou esta minha aventura que me abriu portas para me tornar curiosa em explorar o mundo, conhecer novas culturas, fazer descobertas incríveis e acima de tudo, me tornei mais consciente acerca das questões ambientais e pude conhecer as realidades de cada país em relação a este tema.
https://www.youtube.com/watch?v=dtPIq2yG7EE